data-filename="retriever" style="width: 100%;">Creio, quase sem medo de errar, que você nunca se fez essa pergunta e é por isso que vou fazê-la, mesmo sabendo que após lê-la e tomar conhecimento do conteúdo do texto, corro o risco de que você desista de continuar a lê- -lo, afinal não são todas as pessoas que gostam de falar ou ler sobre o assunto de hoje. Pois, mesmo correndo esse risco, aí está a pergunta. E ela é a seguinte. Se você soubesse que está com os seus dias contados, o que gostaria de fazer antes de partir "desta para melhor"?
Se você soubesse deste segredo, com certeza absoluta, um turbilhão de perguntas lhe assaltariam a sua mente. E, algumas delas poderiam ser aquelas que provavelmente, você nunca se fez como, por exemplo, por que estou aqui? O que eu vim fazer? Será que eu vim ensinar ou aprender? Se vim ensinar, será que eu ensinei não uma, mas algumas coisas boas, ainda que não muitas, para o pequeno Universo de pessoas que me rodearam durante a minha estada aqui? E se eu vim aprender, será que aprendi alguma coisa que me tornou melhor do que quando aqui cheguei? Será que eu aprendi a amar? Será que eu aprendi a compreender não somente as minhas limitações, mas principalmente as limitações do outros? Será que eu aprendi a ser tolerante com quem pensa diferente de mim, não somente na vida real, mas, também, na vida virtual das redes sociais? E a partir daí, aprender a não me magoar e nem me ofender por qualquer coisa, será que eu aprendi?
Será que aprendi a compreender e pedir perdão para aqueles que eu magoei por motivo fútil e até mesmo sem motivo? Será, ainda, que aprendi que a minha liberdade termina quando começa a liberdade do outro? Vou parar por aqui, pois são tantas as perguntas que você poderia se fazer que se eu elencasse todas, com certeza faltaria espaço neste espaço (desculpe a redundância).
Depois dessas perguntas todas, talvez com mais dúvidas do que com certezas você sentasse naquela sua poltrona favorita, só você e seus pensamentos, com a TV e celular desligados e passasse a rememorar um outro tipo de questionamento. O dos seus objetivos e como você se saiu em cada um deles. E pensaria, também, tenho certeza, no que você não poderia esquecer ou deixar de fazer antes da sua partida. Provavelmente, no seu pensamento, viria o desejo de doar mais tempo para as pessoas que você ama e que lhe amam e que, talvez, elas nunca tenham ouvido dos seus lábios durante toda a vida delas um "eu te amo", ou, até mesmo, um simples pedido de desculpas por uma bobagem qualquer.
Talvez aquela viagem de ida e volta a Paris, planejada e já paga em suaves prestações para o próximo verão, provavelmente perderia o sentido em vista da grande viagem só de ida que estaria prestes a acontecer. E talvez viesse a sua mente a lembrança dos seus livros mofando naquela estante e contribuindo para a sua renite. E pensando neles, será que você não pensaria que livros não são para ficarem guardados e sim para rodarem, espalhando junto a outras pessoas o mesmo conhecimento que você adquiriu com eles? E, provavelmente, nesse devaneio, aflorasse, também, a lembrança daquelas roupas no roupeiro, algumas já apagadas na memória do tempo sobre quando foi a última vez que você as usou e que, agora, estão servindo apenas de comida às traças.
Se você iria refletir sobre tudo isso e sobre outras tantas coisas que deixei de elencar aqui, não tenho como saber e nunca vou ficar sabendo. Mas o que sei, e creio que você também sabe, é que todos nós estamos com "os dias contados", pois que todos que nascem para esta vida, um dia, sem nenhum aviso prévio, sairão dela, inevitavelmente. E o ideal é que no momento em que as portas do mundo material se fecharem e se abrirem as portas do mundo espiritual, estejamos todos com as malas cheias, não de coisas perecíveis, emprestadas, ilusórias e transitórias, mas abarrotadas de preciosos e impalpáveis tesouros existenciais, pois que serão estes que farão a diferença a nosso favor junto ao tribunal de primeira e única instância que nos julgará: o tribunal da nossa consciência.